quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

LER, ESCREVER E SER LIVRE


"Lire, écrire et être livre" é o título  do mais recente livro de José Morais, professor de Psicologia emérito da Universidade de Bruxelas, que foi publicada em França pela editora Odile Jacob.  O subtítulo - "Da alfabetização à democracia" - enfatiza a ligação profunda que o autor expõe entre alfabetização e democracia.

Os dois temas são uma presença na vida e trabalho de José Morais.  Como explica a nota biográfica, a autor é um emigrante político portuguesa que deixou Portugal nos anos 60 depois de ter lutado na clandestinidade contra o regime deposto a 25 de Abril. Em 1969 foi reconhecido como refugiado político da ONU. Algumas das suas "aventuras" desse período estão descritas no livro "À espera de Godinho", escrito por vários emigrantes qualificados na Bélgica (entre os quais o físico luso-belga Manuel Paiva) que a Bizâncio publicou.

A sua investigação centrou-se ao longo de toda uma vida profissional nos processos cognitivos associados à leitura. O seu livro mais conhecido é talvez "L'art de lire", publicado em França em 1994 e traduzido depois em português. José Morais fez também, em português, algumas incursões na literatura.

Os seus conselhos de perito em assuntos de educação foram ouvidos  não só no seu país natal e no seu país de adopção, mas também em França e no Brasil. O problema da alfabetização no Brasil é particularmente notório, mas mesmo em Portugal as estatísticas ainda nos indicam cerca de cinco por cento de analfabetos, o que contrasta pela negativa com a generalidade dos países europeus.

Sem a capacidade de ler e entender o que se lê, assim como de escrever de forma entendível, ser-se-á um cidadão com capacidades diminuídas. Neste livro, Morais fala de "pseudo-democracia"... O tema da relação entre alfabetização e literatura (em dois capítulos, "Por um mundo letrado" e "Por um pensamento livre e crítico") já tinha sido abordado pelo autor no seu  livro "Alfabetizar em Democracia", publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e que foi apresentado no Liceu Camões por António Sampaio da Nóvoa.

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