quinta-feira, 31 de maio de 2012

TRÊS ANOS DE “AS ARTES ENTRE AS LETRAS”


Meu artigo que acaba de sair no número de aniversário de "As Artes entre as Letras":

O tempo tem muita pressa. Foi o que pensei quando recebi o convite da Nassalete Miranda para a festa do 3.º aniversário do jornal cultural As Artes Entre As Letras. Ainda outro dia assistíamos, com a saída do número um, ao parto, e já temos a criança, desenvolta, no jardim de infância, qualquer dia a entrar para a escola. Está a crescer e a aparecer. Precisa, claro, de mais alimentação e mimos, mas vai crescer ainda mais.

Tão pouco tempo volvido e já As Artes Entre as Letras ganhou um lugar destacado no nosso panorama cultural, um lugar que é reconhecido por todos que o têm visto crescer e aparecer. Como, afinal, as publicações crescem bem mais rapidamente do que as pessoas, o jornal pode já ser considerado adulto, pelo lugar que alcançou no espaço público. Hoje não se pode ter uma ideia do que é a cultura portuguesa, especialmente a norte, sem o ler com a devida atenção. É um jornal que reflecte a cultura e faz cultura, verdadeiramente imprescindível num tempo de crise.

A cultura é vista pelo jornal no seu sentido mais amplo, que é o único que hoje faz sentido. As artes em geral mas também as ciências são parte da “cultura humana” (a expressão, título de um livro do filósofo espanhol Jesús Mosterín, parece pleonástica, mas reflecte o moderno conhecimento científico de que outros seres vivos, com quem partilhamos muitos genes, são capazes de manifestações culturais). Na sociedade humana contemporânea, bem mais do que na sociedade pretérita, artes e ciências convivem, informando-se e enriquecendo-se mutuamente. Longe vamos dos tempos da polémica das “duas culturas” do literato e cientista C. P. Snow. Ao contrário do que essa refrega sugeria, a cultura humana não são duas, mas uma só. Apesar da pluralidade das suas formas, a origem e o destinatário dela é sempre o ser humano. Foram as artes e as ciências que ajudaram o homo a ficar sapiens. O dramaturgo e poeta romano Terêncio não perdeu actualidade: Sou homem pois nada do que é humano me é estranho. Por outro lado, tem-se alargado a ideia de que sentidos e sentimentos estéticos estão no âmago não só das obras artísticas mas também das obras científicas: Na ciência, reconhece-se muitas vezes o verdadeiro apenas porque é belo.

Parabéns à Nassalete Miranda, que tem liderado a equipa que tem feito crescer o jornal. Parabéns a todos os colaboradores. Eu próprio, que, por férias sabáticas, tenho andado arredio da colaboração regular, prometo voltar em breve, para ajudar a promover o convívio entre as artes e as ciências.

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